quinta-feira, 21 de julho de 2011

...a psicologia sensível e a educação...

          [...]
     Às vezes falo do infinito, significando o vasto campo do insondável que exalta incessantemente o poder do homem, mas não faço dessa palavra um sinônimo de divindade transcendente que desde as alturas irradie uma luz revelada.

     Quando comparo com o destino humano a corrente em marcha, seguindo seu determinado curso, coloco nesta comparação algo mais que uma imagem poética mais ou menos démodé.

     A água, por seu fundamental papel de alimento, não é um corpo inerte. Sua plasticidade pode por si só explicar a plástica dos organismos de que é um componente determinante. A submissão da água à lei da gravidade equipara-se à mobilidade da vida submetida ao instinto no automatismo dos reflexos primordiais.

     Sei que outras imagens familiares correm o risco de dar às minhas demonstrações um simplismo que os letrados não deixariam de denunciar se por acaso me lessem. . Mas, a vida, por acaso, não é uma coisa simples e familiar para a criatura que por ela passa sem buscar nela os mistérios que o pretensioso espírito não é capaz de penetrar?

     A grande ignorância dos homens em relação à vida autoriza todas as diligências explicativas, inclusive as mais simples e as mais extravagantes. [...]

FREINET, Célestin.La psicología sensitiva y la educación. p. 13, Buenos Aires (Argentina): Troquel, 1969. (Tradução livre)